A traumatização vicariante é um novo conceito que as pessoas que trabalham com traumas e combate a violência. Em suma, podemos afirmar que o trauma vicariante é um fenômeno psicológico complexo que ocorre quando uma pessoa é afetada pelo trauma experimentado por outra pessoa, mesmo que ela própria não tenha vivenciado diretamente o evento traumático.
O Trauma Vicariante é aquele que acontece pela exposição a histórias traumáticas de outra pessoa. Ao escutar um trauma, ou a exposição a notícias terríveis, a pessoa entra em desamparo, faz um pequeno congelamento e faz a formação de um trauma.
Isso foi inicialmente estudado entre conselheiros, líderes religiosos e profissionais médicos trabalhando em países em guerra, comum também em profissionais de saúde mental, socorristas, trabalhadores humanitários e outros que lidam com situações de trauma em seu trabalho diário.
Acrescenta-se ainda o fenômeno de vicarious traumatization, traumatização vicariante ou por procuração, consequente da exposição ao sofrimento e trauma de outras pessoas, que pode originar uma traumatização secundária para estes profissionais, resultado do trabalho intenso com sobreviventes de situações traumáticas.
Imagine um terapeuta que trabalha com vítimas de abuso infantil. Enquanto ouve as histórias traumáticas de seus clientes, ele pode começar a sentir uma carga emocional semelhante àquela experimentada pelos próprios sobreviventes. Esse fenômeno ocorre porque somos seres empáticos por natureza, e nossa capacidade de compreender e compartilhar as emoções dos outros pode nos levar a absorver seu sofrimento de maneira indireta.
Há várias maneiras pelas quais o trauma vicariante pode se manifestar. Pode incluir sintomas semelhantes aos do estresse pós-traumático, como flashbacks, evitação de situações relacionadas ao trauma e aumento da ansiedade. Além disso, pode levar à exaustão emocional, despersonalização e diminuição da empatia, o que pode prejudicar a capacidade do profissional de fornecer cuidados eficazes.
É importante reconhecer o trauma vicariante e implementar estratégias de autocuidado para mitigar seus efeitos. Isso pode incluir práticas como supervisionar regularmente o trabalho, estabelecer limites saudáveis entre o trabalho e a vida pessoal, participar de atividades de relaxamento e buscar apoio emocional quando necessário.
Além disso, as organizações que empregam profissionais que enfrentam o trauma vicariante devem fornecer recursos e suporte adequados para ajudá-los a lidar com as demandas emocionais de seu trabalho. Isso pode incluir acesso a aconselhamento, programas de educação sobre o trauma e políticas que promovam um ambiente de trabalho saudável.
Em resumo, o trauma vicariante é uma consequência comum do trabalho com pessoas que sofreram traumas e pode ter um impacto significativo na saúde mental e bem-estar dos profissionais.
Reconhecer e abordar esse fenômeno é essencial para garantir o bem-estar tanto dos profissionais quanto das pessoas que eles atendem.