PSICOLOGIA EXISTENCIAL

Esta abordagem psicoterapêutica visa ajudar o paciente a encontrar e a viver a sua autenticidade. O paciente é encorajado a encontrar a si mesmo em um mundo construído a partir de pressões sociais e influências do ambiente externo e de pessoas alheias as suas convicções.

A Psicologia Existencial, um dos muitos ramos da Psicologia, surge na Europa antes da Segunda Guerra Mundial e desenvolve-se depois dela paralelamente ao existencialismo filosófico. Allport, Rogers, Fromm e Maslow alinham nesta corrente , que surge como reação ao racionalismo de uma psicologia de certo modo positivista. Os seus fundamentos teóricos surgem pela expressão filosófica de Husserl, Heidegger, Sartre e Merleau-Ponty.

O filósofo dinamarquês, Soren Kierkegaard (1813 – 1855) é conhecido como o fundador do existencialismo. Ele modificou as palavras de outro filósofo importante, René Descartes, para expressar o seu posicionamento. Em vez de “Penso, logo existo”, Soren acreditava que “Existo, logo penso”.

Porém, o existencialismo só começou a ser praticado como psicoterapia no fim de 1959, após a realização do Simpósio de Psicologia Existencial e Psicoterapia nos Estados Unidos.

Os psicólogos que praticam a psicologia existencial precisam adentrar no mundo dos pacientes para compreendê-los. Experiências de vida, objetivos e relacionamentos interpessoais são considerados para fazer a análise da individualidade do paciente. Ao mesmo tempo, o psicólogo o vê como mais do que a soma de suas partes.

O senso de propósito e significado é o maior influenciador do bem-estar, saúde mental, conduta, formas de expressão, tomada de decisões, entre outros aspectos, da vida do indivíduo. A depressão e a ansiedade podem estar associadas à confusão ou a dúvida acerca do propósito da existência. Logo, a psicologia existencial apresenta grande foco na condição humana como um todo.

As posições teóricas da Psicologia Existencial conduzem à abordagem de alguns temas como:

A Vontade e a Decisão: O homem só se torna verdadeiramente humano na altura de se decidir. A terapia não deve aumentar a passividade do paciente, pelo contrário, deve aumentar o seu campo de liberdade e de decisão.

A Unicidade e a Integração da Pessoa: Contra as teses atomistas, a psicologia existencial privilegia a unicidade do ser para além das suas diferentes expressões.

A Identidade, Experiência, Atualização do Eu e Autenticidade: Dá-se uma importância fundamental ao futuro através do desenvolvimento e do potencial de cada ser humano.

 

O objeto da abordagem terapêutica não é o sintoma nem a doença, nem a estrutura, mas duas pessoas que existem num mundo, que nesse momento, é o consultório do terapeuta.

Como técnica terapêutica insiste no fator fundamental da presença do terapeuta como sendo a questão mais importante e anterior a qualquer técnica. Aborda a terapia como uma técnica catártica em que a pessoa enfrenta os seus conflitos interiores e tenta, com a ajuda de um terapeuta, alargar a consciência de si mesmo; que o paciente consciencialize o que sente de forma clara e profunda.

O terapeuta existencial não considera o paciente como um conjunto de pulsões, fantasmas e mecanismos de defesa, mas como uma pessoa que procura um significado para a sua existência. É a pessoa que dá sentido aos mecanismos e não o contrário.

Em síntese, as vantagens da psicologia existencial são:

  • Promoção da autonomia e responsabilidade pelos atos e escolhas;
  • Compreensão dos desafios pessoais e do seu papel em resolvê-los;
  • Reconhecimento do poder de mudança para modificar a sua existência;
  • Definição do propósito de vida;
  • Elevação da autoconfiança. Uma vez que o indivíduo entende que é responsável por sua existência, ele obtém mais confiança para fazer mudanças, decidindo quais emoções devem consumir a sua energia e quais devem ser ignoradas;
  • Suavização das crises existenciais;
  • Compreensão dos aspectos internos e externos que influenciam a sua existência, como aspectos sociais, culturais e políticos da sociedade;
  • Construção da autoconsciência dos padrões de comportamento e pensamento que nutrem sentimentos negativos e geram conflitos; e
  • Estabelecimento do caminho a ser seguido pelo paciente em direção ao futuro desejado.