ESQUIZOIDE

 

Esquizoide

 

HISTÓRICO CONTEXTUAL – padrão filogenético de inibição comportamental; relações autoritárias e por regras lógicas; mantidas coercitivamente; déficit em oportunização para modelagem de habilidades sociais; histórico de privação afetiva; tornando-se socialmente desmotivado; relações ambíguas entre provisão emocional e controle coercitivo, modelando fuga/esquiva do controle social. O histórico surge por ser desenvolvido afetividade gratificada pelo isolamento, por ter vivido relações de imposições de regras por “obediência cega” aos seus cuidadores, ou seja, educado por pessoas sufocadoras emocionais e ensejam o desamparo afetivo, logo, desistem da socialização em conclusão de que não há como desfrutar disso. O transtorno de personalidade ESQUIZOIDE tem como principais características a indiferença, o sentimento de não precisa, nem sequer querer socializar, não expressão de sentimentos e o isolamento. Portanto, este transtorno pouco conhecido e tão característico deve ser um conhecimento dos funcionários da área da saúde e das pessoas no geral, uma vez que assim mais pessoas que sentem estes sintomas possam ser diagnosticadas e tratadas, visto que estas não vão tomar a iniciativa de procurar ajuda.

O transtorno da personalidade esquizoide pode ficar aparente pela primeira vez na infância e adolescência por meio de solidão, relacionamento ruim com os colegas e baixo rendimento escolar, o que marca essas crianças ou adolescentes como diferentes e os tornam sujeitos a provocações. Também pode surgir no começo da vida adulta e está presente em vários contextos (quanto mais intelectualizado tende a ficar esquizoide).

Oportuno se torna mencionar que um dos fatores que contribuem para o desencadeamento do distúrbio é a insensibilidade dos pais ou cuidadores, que não ensinam a criança sobre a importância da interação social e afetiva. Assim, quem cresce em ambientes solitários, negligentes, hostis ou violentos apresenta maior propensão ao desenvolvimento do transtorno de personalidade esquizoide desde a infância.

Contudo, essa perturbação mental pode aparecer de forma quase imperceptível na infância ou na adolescência. Mas na fase adulta, ela se manifesta mais fortemente, em forma de solidão — a pessoa evita a interação social e tem dificuldade para fazer amizades. Além disso, sinais de depressão podem estar presentes. PORTANTO, é um padrão do indivíduo pensar, sentir e conduzir-se extremamente estável e persistente que se desenvolve na infância, e segue em elaboração durante a vida do indivíduo.

Questões Diagnósticas Relativas à Cultura – Indivíduos de várias origens culturais podem por vezes mostrar comportamentos e estilos interpessoais defensivos que podem ser erroneamente rotulados como “esquizoides”. Por exemplo, pessoas que saem de zonas rurais e vão para centros urbanos podem reagir com uma espécie de “paralisia emocional” que pode durar vários meses e que se manifesta por meio de atividades solitárias, afeto constrito e outros déficits de comunicação. Imigrantes de outros países são, às vezes, incorretamente vistos como frios, hostis ou indiferentes.

COGNIÇÕES – prefere viver sozinho porque as relações são confusas, problemáticas e não-gratificantes; pessoas carentes e “sufocantes”; para manter alguém, pois, ao gradar alguém acreditam que perderá sua liberdade.

Aspectos comportamentais típicos do TPEZ:

  • Movimentos corporais inquietos, apresentando torpor e rigidez gestual.
  • Ausência de expressão facial; Pouco contato visual.
  • Discurso intencional, mas sem elaboração detalhada.
  • Tom de voz lento e monótono, mesmo falando de eventos importantes ou traumáticos.
  • Parecem hipoativos e chama a atenção sua falta de vitalidade e de energia.
  • Carentes de iniciativa.
  • Falta de respostas aos reforços que levariam os demais à ação.
  • Preferem atividades solitárias.
  • Falta de cordialidade em relação aos demais.

 

Aspectos cognitivos típicos do TPEZ:

  • Crença de que os outros não se preocupam com eles.
  • Não superestimam o potencial real de suas capacidades.
  • Não apresentam alucinações nem ideias delirantes.
  • Não acreditam que sua falta de interesse seja patológica.
  • Apresentam falta de atenção e incapacidade para captar a necessidade dos demais.
  • Carecem de vida interior.
  • Possuem mínimos interesses ´´humanos´´.
  • Podem desenvolver interesse em movimentos intelectuais ou modas, mas sem se envolver socialmente.
  • Têm uma aparente deficiência cognitiva.
  • Suas fantasias e atividades imaginativas não parecem ir muito além de sua vida real.
  • São indiferentes ao elogio ou à crítica.
  • Carecem de ambição.
  • Mostram pouco interesse nas experiências sexuais e sensoriais.

 

Aspectos emocionais típicos do TPEZ:

  • Baixa ativação emocional.
  • Incapacidade de expressar tristeza, culpa, alegria, ira ou enfado.
  • Respostas emocionais inapropriadas, reprimidas, embotadas.
  • Podem estabelecer vínculos emocionais com animais.
  • Desejo sexual hipoativo.
  • Não desfrutam muito das relações íntimas.

 

Possíveis aspectos fisiológicos e médicos do TPEZ:

  • Podem correr maior risco de desenvolver câncer.
  • São mais propensos à baixa pressão sanguínea.
  • Podem padecer de debilidade generalizada.

 

Possível impacto sobre o ambiente:

  • Problemas para ascender no trabalho, se isso implicar trato com as pessoas.
  • Podem triunfar em atividades solitárias.
  • Raramente se casam.
  • Carecem de amigos íntimos.

 

Questões Diagnósticas Relativas ao Gênero – O transtorno da personalidade esquizoide é diagnosticado um pouco mais frequentemente em indivíduos do sexo masculino e pode causar-lhes mais incapacidade.

 

Transtornos psicóticos do esquizoide – O transtorno da personalidade esquizoide pode ser distinguido de transtorno delirante, esquizofrenia e transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos pelo fato de esses transtornos serem todos caracterizados por um período de sintomas psicóticos persistentes, como delírios e alucinações. Para que seja dado um diagnóstico adicional de transtorno da personalidade esquizoide, o transtorno da personalidade deve ter estado presente antes do aparecimento dos sintomas psicóticos e deve persistir quando tais sintomas estão em remissão.

 

CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS – a) não deseja nem desfruta das relações íntimas. Incluindo fazer parte de uma família; b) escolhe quase sempre atividades solitárias; c) mostra pouco interesse em ter experiências sexuais; d) tem prazer em poucas atividades; e) é indiferente aos elogios ou críticas; f) mostra desapego, frieza ou embotamento afetivo; g) carência de confidentes ou amigos íntimos para além dos membros de sua família.

 

FUNÇÕES MANTENEDORAS – reforçamento negativo pela fuga/esquiva do controle autoritário, impositivo, manipulador e coercitivo, bem como o exploratório. PORTANTO, por terem sido cuidados por pessoas emocionalmente insensíveis, negligentes e distantes durante a infância pode contribuir para a etiologia do transtorno de personalidade esquizoide, alimentando a sensação da criança de que as relações interpessoais não são gratificantes. Do ponto de vista cognitivo, entende-se que a maneira como os indivíduos processam os dados acerca de si mesmos, do ambiente e dos outros, é influenciada por suas crenças e outros componentes de sua organização cognitiva. Quando há a presença de uma psicopatologia, observa-se que esse processamento de dados passa a ser sistematicamente distorcido, tendo como consequência inadequações marcantes na forma como o indivíduo relaciona-se consigo mesmo, com o ambiente e com suas expectativas em relação ao futuro. PORTANTO, essas crenças ou esquemas cognitivos mal-adaptativos, se originam a partir da interação entre situações externas significativas, e a hipersensibilidade pessoal à rejeição e ao abandono do sujeito. Como já mencionado anteriormente, o indivíduo com um transtorno da personalidade ESQUIZOIDE desenvolve um repertório pobre, rígido e inflexível de estratégias para lidar com os seus esquemas disfuncionais.

 

TRATAMENTOS PARA O ESQUIZOIDE – Em sua abordagem é necessário o treinamento de habilidades sociais. No geral, o tratamento é o mesmo que para todos os transtornos de personalidade. Não há estudos controlados publicados sobre psicoterapia e terapia medicamentosa para o transtorno de personalidade esquizoide. Geralmente, as tentativas de compartilhar interesses em assuntos impessoais que atraem as pessoas que preferem atividades solitárias podem ajudar a estabelecer um relacionamento com o paciente e talvez facilitar a interação terapêutica. Abordagens cognitivo-comportamentais que foquem em adquirir  habilidades sociais também podem ajudar os pacientes a mudar. Como eles não têm interesse em outras pessoas, eles podem não estar motivados a mudar.

 

No contexto clínico, é importante o terapeuta identificar as regras que estão mantendo o comportamento disfuncional do paciente, suas variáveis de controle e aplicar estratégias para modificá-las. Com base no que foi apresentado até aqui a respeito dos fatores de manutenção na perspectiva da análise do comportamento, podemos inferir que no caso de indivíduos com TPEZ, seus padrões de comportamento habituais como a indiferença, a falta de interesse nos relacionamentos sociais e o distanciamento, seriam mantidos pelas consequências que eles produzem que, de algum modo, seriam reforçadoras para esses sujeitos, e possivelmente por um sistema de regras aprendidos ao longo da sua história.

 

Mediante isso, a orientação é procurar um especialista antes que o quadro se agrave. Em vias gerais, as metodologias mais comuns de tratamento são:

 

  1. a) terapia em grupo; b) suporte psiquiátrico; c) tratamento psicológico; d) medicamentos que possuirão um enfoque específico para comorbidades subjacentes ou sintomas específicos a serem individualizados por um psiquiatra; e) tratamentos alternativos, como meditação, prática de ioga e musicoterapia.