Ciúme possessivo e patológico

O ciúme patológico é um transtorno obsessivo cujo qual um indivíduo apresenta demasiado controle sobre o outro, fazendo com que até mesmo vivências corriqueiras sejam entendidas como ameaças, por exemplo; de traição. Há um grande desejo em controlar e comandar o parceiro e significativa dificuldade na diferenciação do real, do imaginário e do fantasioso.

O medo da perda é a força-motriz do ciúme, e ele pode gerar outros sentimentos como a raiva, irritabilidade, tristeza e obsessão. A ausência do ciúme, assim como outras emoções consideradas normais, pode ser um sinal de patologia também, assim como o seu excesso: “Se alguém parece não possuí-lo, justifica-se a inferência de que ele experimentou severa repressão e, consequentemente, desempenha um papel ainda maior em sua vida mental inconsciente” (FREUD – 1922).

Quando o ciúme se torna exagerado e desmedido, pode ser que ele se enquadre no que o MSD chama de “transtorno delirante”, uma série de delírios divididos entre não bizarros (envolvem situações que poderiam acontecer, tais como ser seguido, envenenado, infectado, amado a distância ou enganado pelo cônjuge ou amante) ou bizarro (envolvem situações implausíveis como acreditar que alguém removeu os órgãos internos sem deixar cicatriz).

O transtorno delirante pode ser do tipo “ciúmes”. Esses indivíduos acreditam piamente de que seu cônjuge é infiel baseando-se em crenças vazias, sem provas e sustentadas por fracas evidências — ou nenhuma.

 

Outros sintomas comuns do transtorno delirante são:

  • Impulsividade;
  • Suspeita de um terceiro no casal sem provas;
  • Possui incapacidade de controlar o ciúme;
  • Justifica suas suspeitas com explicações infindáveis;
  • Interpreta as situações a seu modo;
  • Interroga e investiga a pessoa de quem sente ciúmes constantemente;
  • É invasivo(a);
  • Ignora os fatos concretos que possam inocentar o outro das suspeitas;
  • Entre outros.

 

O ciúme pode ser considerado patológico quando ultrapassa a barreira da boa convivência. Quando fatos e acontecimentos deixam o indivíduo mais preocupado e até mesmo paranoico. Normalmente, pacientes com ciúme patológico apresentam:

  • Exclusividade no relacionamento: um dos parceiros considera que ele ou ela tem o outro indivíduo como uma propriedade exclusiva, e que esta propriedade é uma necessidade para preservar o relacionamento.
  • Opinião autoritária: eles se recusam a mudar de opinião mesmo quando confrontados com informações contraditórias e tendem a acusar seu parceiro de infidelidade com vários indivíduos.
  • Necessidade de controle: necessidade de controlar tudo, saber de tudo, querer dominar tudo que o parceiro faz ou vive, não deixando espaço para sua vida pessoal, desejos e afinidades.
  • Ansiedade: essa característica está possivelmente associada à insegurança e baixa estima.
  • Alterações nas relações interpessoais: o paciente pode ser tão sociável quanto antissocial. Tudo depende do que irá lhe trazer mais segurança. Se for necessário criar vínculos fictícios com outras pessoas, apenas para se manter perto dele, assim o fará. Da mesma forma poderá fazer uso de um comportamento antissocial apenas parar lhe afastar de situações (pessoas) que representam ameaça.