Câncer e suicídio

Um estudo de 2017 da Universidade Cornell (EUA) aponta que as taxas de suicídio são 60% maiores entre pessoas que recebem um diagnóstico de câncer. Esse número bate na casa dos 300% se o câncer foi diagnosticado no pulmão. Para chegar a essa conclusão, cientistas analisaram um banco de dados com informações de mais de 03 milhões de pacientes ao longo de quatro décadas. O que causa espécie com as informações do estudo é que 50% dos indivíduos com câncer de pulmão que se suicidaram poderiam melhorar com tratamentos.

 

Quais emoções o diagnóstico suscita na pessoa?

 

Medo – De fato, é assustador descobrir um câncer. A doença pode levar à morte, e o seu tratamento é conhecido por não ser fácil. Por isso, muitos pacientes têm medo de sentir dor, tanto por causa da doença como por conta dos procedimentos. Ainda, é comum a preocupação com a morte, com os custos do tratamento e as consequências que isso pode ter na saúde e aparência física. Pacientes com câncer também sofrem com medo do que pode acontecer com seus familiares e pessoas queridas. Alguns desses medos são baseados em histórias que ouviram ou até em informações erradas. Por isso, para ajudar a diminuir esse sentimento, o ideal é se manter sempre bem informado sobre o tratamento. Quando alguém sabe o que esperar, a tendência é que o medo e a preocupação diminuam.

 

Ansiedade – Antes e depois do tratamento, é normal se sentir ansioso com as mudanças. Pacientes que estão em quadro de ansiedade geralmente sentem dores de cabeça, comem exageradamente ou muito pouco, têm náuseas, dificuldade de concentração e taquicardia. Esse estresse pode prejudicar o tratamento, por isso, nessas situações, o ideal é conversar com a equipe médica para receber as orientações necessárias.

 

Depressão – Pessoas com câncer se sentem tristes — elas estão passando por um momento de grandes perdas, tanto de saúde quanto de estilo de vida. Essa é uma resposta normal a doenças graves, mas casos extremos podem levar à depressão. Esse quadro pode fazer com que o paciente pense em desistir do tratamento ou considere o suicídio.

 

Ideação suicida – O suicídio é mais comum em pacientes com doenças mentais, mas estudos indicam que enfermidades físicas também são fatores de risco, especialmente quando se trata de doenças graves, como é o caso do câncer. Por isso, suicídio e câncer podem estar diretamente relacionados. O risco de atentar contra a própria vida aumenta em pacientes oncológicos porque eles precisam lidar com sofrimento severo e questões como a própria finitude. Em alguns casos, o paciente pode também encarar o suicídio como uma escolha racional diante de uma doença associada ao sofrimento. A ideação suicida pode, ainda, ser agravada pelo histórico de doença mental, nível de dor, limitações físicas e funcionais e recidiva do câncer — que ocorre quando o tumor reaparece após um período de remissão.

 

Lidar com a saúde mental na luta contra o câncer pode ser desafiador. Sentimentos negativos são comuns em casos de doenças graves, mas é preciso estar atento aos sinais de que essas emoções podem significar algo mais grave, como a depressão e os pensamentos suicidas.

 

Veja alguns sintomas que podem indicar a necessidade de um tratamento voltado à saúde mental:

  • dificuldade para comer;
  • problemas para dormir;
  • pensamentos suicidas;
  • tentativas de automutilação;
  • tristeza ininterrupta;
  • perda de energia;
  • dificuldade de concentração;
  • incapacidade de tomar decisões;
  • sentimento de culpa ou perda de esperança.

 

 

Em casos mais leves, a depressão pode ser tratada em consultório de PSICOLOGIA, como visitas periódicas do paciente ao especialista, quando receberá orientações e será avaliado por uma equipe multidisciplinar. Em casos extremos, a internação é o mais indicado para tratar a depressão. Ela garante que o paciente fará o tratamento completo, de acordo com as medidas terapêuticas escolhidas, com foco total na sua recuperação.Nesse caso, a escolha do hospital é crucial para o sucesso do tratamento. O ambiente favorável à recuperação é importante para o processo de reabilitação mental, pois possibilita segurança emocional e física e promove o afastamento de ambientes que possam trazer ainda mais gatilhos para o paciente que sofre com possibilidade de suicídio e câncer.