Narciso Moderno

Narciso moderno, espelho do ego infindo,

Emaranhado em si, olhos fixos no próprio brilho,

A alma se prende a um eu que parece ser divino,

Mas no turbilhão narcísico, esconde-se o emaranhado trilho.

 

Como um reflexo distorcido, se encanta consigo mesmo,

Narciso, o protagonista do teatro da ilusão,

No espelho das relações, é incapaz de ver o abismo,

Onde o eu inflado desmorona, sem compaixão.

 

Envolto em fantasias de grandeza e superioridade,

Sente-se imune aos erros, às dores e à dor alheia,

Mas a verdadeira fragilidade é sua identidade,

Perdida em devaneios, presa na teia.

 

Os relacionamentos são apenas um espelho desfocado,

Onde o outro é apenas peça coadjuvante,

Narciso se encanta com o reflexo projetado,

Mas o verdadeiro amor é vítima de seu ego arrogante.

 

Preso em um ciclo vicioso, não enxerga o mundo real,

Sua personalidade transtornada é um labirinto sem saída,

Enquanto tenta se preencher em um vácuo tão irreal,

Perde a chance de crescimento e de uma vida compartida.

 

Oh, Narciso, que padece nesse vício sem fim,

Há cura para tua alma narcótica e ferida,

Mas primeiro é preciso olhar para além de ti,

E reconhecer que a verdadeira grandeza é humildade bem-vinda.

 

Quebra o espelho que te aprisiona na insensatez,

Olha para fora, para o mundo, para os outros seres,

E descobrirás que a beleza reside na simplicidade,

Em abrir o coração e aprender a amar verdadeiramente.