Psicanálise e Epigenética

Experiências traumáticas podem nos modificar geneticamente. O DNA não muda, mas durante nosso desenvolvimento ele acumula marcas químicas – a partir do ambiente – que determinam como os genes vão se expressar. E isso é comprovado a partir da epigenética.

A epigenética mostra a influência do ambiente nos nossos genes. Esses genes alteram nossos comportamentos, características e habilidades. Comprovando que não somos geneticamente imutáveis. Vivências emocionais podem nos marcar, segundo a epigenética, mesmo que não tenhamos consciência disso.

As marcas ambientais influenciando quem somos, consciente e incoscientemente, é a base da Psicanálise, não é mesmo? Ou seja, epigenética apresenta evidências palpáveis para a teoria psicanalítica, unindo genética, influência ambiental e comportamento.

Outra aproximação da Psicanálise e da epigenética é a influência da transgeracionalidade.
Para ambas as teorias, a transgeracionalidade pode causar modificações em níveis físicos e psicológicos. Podendo auxiliar ou atrapalhar o nosso desenvolvimento.

Muitas pessoas têm receios em relação à teoria psicanalítica. Pessoalmente, não tenho como saber os seus motivos. Mas acredito que, grande parte delas tenham um medo inconsciente de “serem analisadas” sem autorização.

Uma reação simples para lidar com esse receio acaba sendo uma tentativa de diminuir a Psicanálise. Acho que foi aí que começou aquele boato antigo de que Psicanálise só fala de sexo ou que Freud era tarado – alguém mais cresceu ouvindo isso? Mas a versão moderna para esse medo é: Psicanálise não é ciência.

A epigenética é uma ligação tangível da ciência acadêmica com a Psicanálise. Elas comprovam que as experiências que temos, ao longo da vida, nos marcam profundamente.