Ninguém se cura machucando os outros

As maiores feridas da alma são adquiridas na infância a partir das relações com seus cuidadores. Geralmente, essas feridas são geradas em quem passou por abandonos (emocionais ou físicos), negligências, (emocionais ou físicas) abusos (emocionais ou físicos), cobranças, críticas e pressões constantes ou que cresceram em um ambiente familiar tóxico.

 

Essa criança torna-se um adulto machucado ou emocionalmente doente emocionalmente (pode desenvolver um transtorno mental de ansiedade, humor, alimentar, psicótico ou de personalidade – DSM-5). Como esse adulto não pôde desenvolver o seu autoconceito e as suas emoções de forma saudável, o seu amor-próprio e a sua disponibilidade para amar ficam comprometidos. Além disto, a dor constante da sua alma fará com que ele tente amenizá-la machucando outros.

 

 

Quanto sentimos uma dor na alma, ainda que ela seja invisível ou inconsciente, ela vem à tona quando nos relacionamos com alguém. E nós tentamos aliviá-la ou amenizá-la “jogando” essa dor no outro e machucando-o, mesmo que de forma inconsciente.

 

 

Nenhuma pessoa ferida se cura projetando a sua dor nos outros, e muito menos nas pessoas que ama. No entanto, é possível que já tenhamos passado por essa situação, mesmo sem querer ou sem perceber.

 

Projetamos contra elas a frustração e a dor que sentimos por dentro porque intuímos que, aconteça o que acontecer conosco, elas vão nos perdoar.

 

Pessoas com o emocional ferido tendem a ferir os outros emocionalmente ou fisicamente. Pessoas com o emocional destruído (histórias de infância mais graves), tendem a destruir os outros nas relações. Geralmente esse é um processo inconsciente, porém muito real e pode ser reconhecido por meio da qualidade dos seus relacionamentos.

 

Pessoas saudáveis emocionalmente criam relacionamentos saudáveis. Saudável é alguém que tenha um auto conceito equilibrado: nem muito alto, como aqueles que se apresentam como especiais (narcisistas); e nem muito baixo, como aqueles que se veem sem valor e aceitam ser tratados de qualquer maneira pelo outro (carentes e dependentes emocionais – esses são os “mendigos emocionais”).

 

Pessoas saudáveis são capazes de dar e receber amor, respeito e cuidado. Por essa razão, são capazes de construir um relacionamento com equilíbrio (dar/receber) e conexão emocional verdadeira. Já as pessoas feridas não conseguem confiar em ninguém e criam defesas emocionais para se protegerem. Essas defesas podem ser protetivas ou agressivas.

 

Alguém que se protege não abre a sua intimidade, não se fragiliza diante do outro e por isso, não cria uma conexão emocional verdadeira. É como alguém que veste uma armadura de ferro e tenta abraçar o outro.

 

Pessoas agressivas, de certa maneira, também estão tentando se proteger. Porém, usam a estratégia de machucar o outro por meio da desvalorização, desrespeito (emocional e físico) para se sentirem melhores ou mais “fortes” que o outro.

 

Se você se enxerga em um desses papéis, busque compreender a sua história de vida. Assim, você poderá ressignificar muitos conceitos e padrões adquiridos e se tornar capaz de construir relações saudáveis e felizes.