Câncer e a Psicologia

A manifestação psicossomática do paciente é como se fosse um pedido de socorro, um pedido de atenção da alma e da psiquê.

 

O sujeito que demonstra inúmeras dificuldades em expressar suas angústias, e dores emocionais, onde o silêncio de sua fala acaba sobrecarregando o seu corpo, no caso, a formação de um câncer.

 

A experiência que o sujeito tem com a doença oncológica é uma ruptura na vida das pessoas e pode trazer inúmeros questionamentos. O tempo passa a correr diferente. Os dias seguintes após o diagnóstico se tornam de outro tamanho. O sujeito inicia um processo de volta aos significantes pelos quais fez sua trajetória.

 

Sempre se buscou descobrir uma causa para o câncer. “Por que isso aconteceu?” A maioria dos médicos defende uma causa fisiológica, portanto, se escuta falar em “células não bem formadas que se reproduzem de forma irregular”, consequência de processos de mutação celular. Há quem defenda que lutos, traumas, perdas, depressão possam originar um câncer, ou até mesmo “fazer um câncer” e as pessoas são estimuladas a acreditar que elas adoecem porque desejam adoecer.

 

Em psicanálise, o corpo, com todas suas representações, se diferencia do organismo, pois não funciona de forma cartesiana como afirmam os anátomo-patologistas, e muito menos como um sistema de causa-efeito. As doenças em geral e também o câncer, ao longo da história e nos diferentes espaços e temporalidades, foram ganhando muitos significados e significantes.

 

Tudo acontece dentro do nosso corpo, que sempre foi alvo de sintomas e manifestou o sofrimento psíquico dos sujeitos.

 

Freud, através do estudo da histeria, percebeu que, ao contrário do que a medicina ensinava, o corpo é portador de um saber e a lógica do seu funcionamento pode ir além de uma estrutura puramente orgânica, pois sua estrutura também é simbólica. Inaugura-se uma diferença abissal no modo como a psicanálise e a medicina direcionam seu olhar sobre o corpo. A medicina visa tratar a doença orgânica, mas o corpo se compõe de psique e soma e não coincide com o organismo.

 

câncer tornou-se uma simbologia da morte e do mal. Um mosaico de representações em que a culpa, o castigo moral, a ira de Deus, a poluição, a alimentação ou até mesmo a região servem para tentar circunscrever a causa da enfermidade.

 

Nascida com Hipócrates, a medicina psicossomática concerne simultaneamente ao corpo e ao espírito e, mais especificamente, à relação direta entre soma e psiquê. Descreve a maneira como as doenças orgânicas são provocadas por conflitos psíquicos, em geral inconscientes.

 

É sabido que em psicossomática não se pode generalizar. A escuta da subjetividade de cada sujeito proporciona essa diferença. Cada paciente dará uma proporção e um significado que são individuais, cada paciente irá elaborar e conduzir suas questões à sua maneira. Em cada caso, significantes, nomes, datas, diferentes.

 

POR ISSO NO MEU LIVRO HIPNOSE NO TRATAMENTO DO CÂNCER, busca explicar que o uso da ferramenta psíquica do estado hipnótico é eficiente para o auxílio do tratamento do câncer.