A psicopatologia tem múltiplas abordagens e referências teóricas que tem sido incorporadas nos últimos 200 anos, isso mesmo duzentos anos, razão pela qual aborda as diversas teorias da psicologia e psiquiatria, sendo um campo de conhecimento rico em debotes e constante aprofundamento onde não há uma teoria ou perspectiva amplamente hegemônica. Portanto é suma importância mencionar que a boa prática em saúde mental implica a combinação hábil e equilibrada de uma abordagem descritiva, diagnóstica e objetiva e de uma abordagem dinâmica, pessoal e subjetiva do sujeito e de sua doença.
PSICOPATOLOGIA DESCRITIVA x PSICOPATOLOGIA DINÂMICA – na psiquiatria descritiva o interesse é a descrição das formas de alterações psíquicas e suas estruturas de sintomas, aquilo que caracteriza e descreve a vivência patológica; psiquiatria dinâmica o interesse é o conteúdo das vivências, os movimentos internos de afeto, desejos e temores do sujeito, sua experiência particular e singular.
PSICOPATOLOGIA MÉDICA VERSUS PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL – na perspectiva médico-naturalista se interessa no ser humano biológico como espécie natural e universal, ou seja, o adoecimento mental é compreendido com um mau funcionamento do cérebro, na perspectiva existencial o sujeito é compreendido como “existência regular” em sua dimensão elementar, por meio da experiência particular de cada sujeito, nesta perspectiva o transtorno mental não é compreendido apenas como disfunção biológica ou psicológica, mas como um modo particular de existência.
PSICOPATOLOGIA COMPORTAMENTAL E COGNITIVA VERSUS PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA – na compreensão comportamental, o ser humano é entendido como um conjunto de comportamentos observáveis, verificáveis, que são regulados por estímulos específicos e gerais, bem como por suas respostas, logo, comportamento se baseia em certas leis e determinantes do aprendizado, na compreensão cognitivista o foco sobre as representações cognitivas (cognições) de cada sujeito seriam compreendidas como essenciais ao funcionamento mental, tanto normal como patológico, onde os sintomas se manifestam como representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas pela experiência familiar e social, na compreensão psicanalítica o ser humano é entendido como dominado por forças, desejos e conflitos inconscientes, dando grande importância aos afetos que dominam o psiquismo, sendo que o ser humano racional, autocontrolado, senhor de si e de seus desejos, neste entendimento, é uma enorme ilusão, sendo os sintomas formas de expressão de conflitos inconscientes, de desejos que não podem ser realizados, de temores aos quais o sujeito não tem acesso ou compreensão.
PSICOPATOLOGIA CATEGORIAL VERSUS PSICOPATOLOGIA DIMENSIONAL – na compreensão categorias diagnósticas as espécies biológicas constitui uma identificação de tarefas da psicopatologia em sua natureza básica, na compreensão dimensional seria hipoteticamente mais adequada na realidade clínica as quais são mensuráveis.
PSICOPATOLOGIA BIOLÓGICA VERSUS PSICOPATOLOGIA SOCIOCULTURAL – na compressão psicopatologia biológica enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e dos sintomas mentais, na compreensão sociocultural visa estudar os transtornos mentais como comportamentos desviantes que surgem a partir de certos fatores socioculturais, como discriminação, pobreza, migração, estresse ocupacional, desmoralização sociofamiliar, etc., se estuda o contexto simbólico e histórico.
PSICOPATOLOGIA OPERACIONAL-PRAGMÁTICA VERSUS PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL – na compreensão operacional-pragmática os transtornos e sintomas são formulados e tomadas de modo arbitrário, em função de sua utilidade pragmática, clínica ou orientada à pesquisa, na compreensão psicopatologia fundamental, visa centrar a atenção da pesquisa e seus fundamentos históricos e conceituais de cada conceito psicopatológico, os quais incluem não apenas a tradição médica, mas também as tradições literárias, artísticas e de outras áreas das humanidades.
