Psicologia das massas ou coletiva: o que seria isso?

Você já sentiu que, de repente, as pessoas de um grupo começam a agir de uma maneira igual?

Será que você está em um comportamento por repetição?

Quem é o indivíduo dentro desse fenômeno?

Portanto, são essas as situações com as quais a psicologia das massas se preocupa.

A psicologia das massas, também conhecida como psicologia coletiva, é um campo de estudo que se concentra nas características e comportamentos de grupos de pessoas quando estão reunidas em uma multidão ou em uma sociedade. Esse ramo da psicologia explora como as pessoas são influenciadas e afetadas quando fazem parte de uma massa ou de um coletivo, diferentemente de como se comportariam individualmente.

Gustave Le Bon, um psicólogo social francês do final do século XIX, é considerado um dos pioneiros na investigação da psicologia das massas. Em seu trabalho seminal “Psicologia das Multidões”, publicado em 1895, Le Bon argumentou que as massas têm características psicológicas distintas que as tornam mais impulsivas, emocionais e suscetíveis à manipulação do que os indivíduos isolados.

Devemos esclarecer que em uma multidão, o senso de universalidade de comportamento e o enfraquecimento de responsabilidade individual influenciam o coletivo. Isso ocorre principalmente na medida em que o número de pessoas no grupo cresce. Por isso, este campo abrange não apenas o estudo do comportamento individual de membros em uma multidão, mas também o comportamento da multidão como uma entidade única.

 

A psicologia das massas pode ser usada para entender uma variedade de fenômenos, incluindo:

  • Comportamento político;
  • Comportamento religioso;
  • Comportamento consumista;
  • Comportamento de multidões;
  • Comportamento de torcidas;
  • Comportamento de fãs.

 

A psicologia das massas também pode ser usada para desenvolver técnicas de persuasão e controle social. Por exemplo, políticos, líderes religiosos e empresários usam a psicologia das massas para influenciar as pessoas a votar em certos candidatos, seguir certas doutrinas ou comprar certos produtos.

A psicologia das massas é um campo complexo e fascinante que ainda está em desenvolvimento. No entanto, ela já contribuiu para uma melhor compreensão de como as pessoas pensam, sentem e agem quando estão em um grupo.

 

Algumas características importantes da psicologia das massas incluem:

 

1-Anonimato e desindividualização: Quando as pessoas estão em uma multidão, muitas vezes se sentem menos responsáveis por suas ações individuais, o que pode levar a um comportamento mais impulsivo e até mesmo violento.

2-Influência social: A presença de outras pessoas em uma massa pode levar os indivíduos a adotarem comportamentos e opiniões que não teriam se estivessem sozinhos. Esse fenômeno é conhecido como influência social.

3-Emoções contagiosas: Em uma multidão, as emoções se espalham rapidamente, criando uma atmosfera emocional intensa que pode levar a comportamentos extremos.

4-Liderança carismática: As massas tendem a ser atraídas por líderes carismáticos que podem influenciá-las e mobilizá-las para alcançar objetivos específicos.

5-Comportamentos irracionais: A psicologia das massas pode levar as pessoas a agirem de forma mais irracional e impulsiva do que quando estão em um contexto individual.

 

A psicologia das massas é um conceito importante para entender fenômenos sociais, como protestos, motins, histeria coletiva e movimentos sociais. Também tem implicações na publicidade, na política e em outros campos em que a mobilização de grandes grupos de pessoas é relevante.

É essencial reconhecer que a psicologia das massas não implica que as pessoas se tornem irracionais ou percam completamente sua individualidade quando estão em grupos. Em vez disso, ela enfatiza como as dinâmicas de grupo podem afetar as atitudes e comportamentos individuais, criando um contexto em que as pessoas podem agir de maneira diferente do que fariam em isolamento.

 

Aqui estão alguns dos principais conceitos da psicologia das massas:

 

1-Anonimato: As pessoas em um grupo são mais propensas a se comportar de forma antissocial ou agressiva quando se sentem anônimas. Isso ocorre porque elas se sentem menos responsáveis por suas ações e mais protegidas de serem identificadas.

2-Conformidade: As pessoas em um grupo são mais propensas a se conformar com as crenças e comportamentos do grupo. Isso ocorre porque elas querem ser aceitas pelo grupo e temem ser excluídas.

3-Liderança: As pessoas em um grupo são mais propensas a seguir um líder forte e carismático. Isso ocorre porque elas confiam no líder para tomar decisões e para guiá-las.

4-Sugestionabilidade: As pessoas em um grupo são mais propensas a serem sugestionadas por mensagens e propaganda. Isso ocorre porque elas estão mais abertas a novas ideias e mais propensas a acreditar no que as outras pessoas dizem.

 

ALGUMAS TEORIAS ACERCA DA PSICOLOGIA DAS MASSAS

Teoria Freudiana

A teoria Freudiana afirma que quando uma pessoa se torna membro de uma multidão, sua mente inconsciente é liberta. Isso acontece porque as restrições do superego são relaxadas. Dessa forma, o indivíduo tende a seguir o líder carismático da massa. Nesse contexto, o controle do ego sobre os impulsos produzidos pelo id diminui. Consequentemente, instintos normalmente confinados na personalidade das pessoas vêm à tona.

 

Teoria do Contágio

A Teoria do Contágio foi formulada por Gustavo Le Bon. Essa teoria afirma que multidões exercem uma influência hipnótica sobre seus membros. Uma vez que eles são protegidos por anonimidade, as pessoas abandonam sua responsabilidade individual. Dessa forma, eles cedem às emoções contagiosas da massa.

Assim, a multidão assume vida própria, agitando emoções e conduzindo pessoas para irracionalidade.

 

Teoria da Norma Emergente

Essa teoria afirma que o comportamento não-tradicional associado à ação coletiva se desenvolve em multidões por um motivo: é o resultado da emergência de novas normas comportamentais em resposta a crises precipitantes.

Esta teoria sugere que as massas se formam em meio a crises. Assim sendo, essas crises forçam seus membros a abandonarem concepções prévias sobre comportamento apropriado. Tudo isso em prol da busca por novas maneiras de agir.

Quando uma multidão se forma, não há norma particular governando o comportamento da massa, e não há líder. Porém, a multidão foca naqueles que agem de maneira distinta. Nesse contexto, a distinção é tomada como a nova norma para o comportamento da massa.

 

Teoria da Identidade Social

Henri Tajfel e John Turner formularam essa teoria nos anos 1970 e 1980. Com o propósito de explicar a ação de multidões, o aspecto mais significativo da teoria da identidade social é o desenvolvimento através da teoria da auto categorização.

Precisamos dizer que a tradição da identidade social assume que as massas são formadas por múltiplas identidades. Essas, por sua vez, constituem sistemas complexos, ao invés de um sistema unitário, uniforme.

Esta teoria destaca a distinção entre identidade pessoal (individual) e a identidade social. Essa última diz respeito a como a pessoa se entende como membro de um grupo. Embora tais termos possam ser ambíguos, é importante salientar que todas as identidades são sociais. Isso no sentido de definir uma pessoa em termos de relações sociais.

A teoria da identidade social também menciona que categorias sociais são fortemente associadas a tradições ideológicas. Por exemplo, o catolicismo e o islamismo. Em alguns casos, identidades sociais podem ser ainda mais importantes do que a sobrevivência biológica.

Podemos ver isso em questões que a pessoa se sacrifica por uma ideologia. Por exemplo, alguém que dedica seu tempo de maneira excessiva a questões que ele acredita, se identifica. Talvez, o ponto mais importante desta teoria seja que a identidade social é o que conecta os membros. Afinal isso aproxima os membros de uma multidão.

 

2 Exemplos de comportamentos de massa

Agora vamos falar sobre os exemplos práticos da psicologia das massas. De modo geral, existem diferentes tipos de fenômenos de massas que podemos encontrar reunidos em dois grupos principais: o grupo com proximidade física, ou seja, em que há contato direto entre as pessoas e o grupo de massas sem proximidade física.

Logo, dentro do grupo de massas com proximidade física, podemos o subdividir em massas agregadas e massas desagregadas:

 

Massas agregadas

Nesse caso as pessoas encontram-se agrupadas por um interesse comum. Tal como acontece, por exemplo, nas turbas e nos públicos. Sendo que as turbas são massas agregadas de carácter ativo.

Além disso, elas são geralmente violentas e podem ser classificadas de certas formas: agressivas (por exemplo, um protesto); evasivas (por exemplo, no caso de um incêndio); aquisitivas (como no caso dos saldos ou liquidações); expressivas (como, por exemplo, reuniões religiosas).

Os públicos são massas ordenadas e passivas que prestam atenção a alguém ou a um acontecimento. As pessoas encontram-se agrupadas em determinado local por mera coincidência (como, por exemplo, as pessoas que passeiam nas ruas).

 

Grupo de massas sem proximidade física

Esse grupo é também conhecido como grupo de massas difusas no espaço e no tempo. Sendo que ele engloba todas as situações em que as pessoas não se veem, não se ouvem ou falam. Ou seja, não se conhecem e não sabem precisamente quantas são. Por exemplo, quando num mesmo momento, assiste-se ao mesmo programa de televisão ou ouve-se o mesmo programa de rádio. Ou seja, acontece repentinamente.

O aspecto mais importante é que as pessoas não estão ali por aproximação de ideias e valores.

Fora esses dois, há ainda um grupo especial deste fenômeno denominado de psicologia das massas. Aqui se incluem as manias coletivas (como, por exemplo, a moda), os motins populares (como no caso do racismo) e os movimentos sociais (tal como o movimento feminista).

Outro exemplo claro em que vemos a psicologia das massas tomando forma é em casos de internet. Por exemplo, as ‘fake news’ que são amplamente divulgadas e promovem reações de massa. Aqui, como dito antes, as pessoas assumem um líder e o seguem cegamente.

 

POR FIM – A psicologia das massas é extremamente interessante, assim como a maioria dos estudos sobre comportamento humano. Lembrado que estudar a multidão é importante para entender a nós mesmos individualmente.